Atiraram em minhas asas... - Elaene Suzete de Oliveira Pereira

 



Atiraram em minhas asas...

 

Com a munição da verdade crua...

Cruel reerguer-me nesse lamacento solo de sangue...

Dos casulos que se vingaram… poucos os jardins que passeiam as borboletas...

Poucas as crianças que brincam no balanço...

Meus pensamentos remotos teimam fazer-me vítima desse holocausto...

Nesse infame salão de baile constrói a história brasileira...

De que valores falamos?

Qual democracia vivemos?

Os entraves do exército brasileiro ressurgem da moralidade vergonhosa...

Prenda os pedregulhos da ignorância fatídica do poder

Nos pelourinhos com ‘designer’ de Oscar Niemeyer...

Diariamente chibatadas ecoam ao vento

Suave gume de navalha cortou minhas asas

Qual foi o prometido da terra santa?

Que a alma de canhão desenha nos ares?

Verti em lágrimas de Hiroshima

Perambulo corredores de refugiados

Crianças assassinadas

Cruel… desumano… democrático...

Tantos anos para reeditar a madrasta

Basta a nação mãe!

 

Assim fui ao enterro da minha alegria

O recinto estava repleto de tecidos manchados de mofo,

Escondendo a surpresa da tristeza

Que resistente combatia o medo

Em minha cabeça, sem as máscaras

Da futilidade e o regozijo

Dos pardais bêbedos

Oh! Reis coroados de açafrão-bastardo!

 

 

Autora: Elaene Suzete de Oliveira Pereira


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