O sobrado
Da janela a irradiação luminosa;
Cria linhas no escuro chão;
Na casa cujo o tempo passara e jaz;
Firmando marcas no corrimão.
Nos umbrais das portas carcomidas;
Há rasgos da velha tinta em contornos.
Numa mesa repousa em silêncio;
Pequenas fotos e seus adornos.
Na casa habitavam as gentes finas;
Que se foram com a pestilência;
Alastrada em tempos idos.
Pela pulmonar doença;
Em todo o ar ouve-se gritos;
O tilintar de louças raras;
Cujos jantares majestosos;
Agora são de sons fantasmas.
Ainda há aromas remotos;
Dos encontros na varanda;
Dos ruídos de amores;
Das risadas de criança.
Folhas e galhos rasgam os telhados;
Do velho sobrado arruinado;
Tendo como visitantes arredios;
A gatunada em fino assalto.
A velha casa ergue-se imponente;
Resiste ao tempo e a moderna hora;
Dos seus vizinhos a ruminar;
Historietas sem demora.
A casa abriga seus lindos quadros;
Que pendem por falta de cuidados;
Que dizem mais que qualquer coisa;
Dos sentimentos arruinados.
Triste destino tem o sobrado;
Aonde vivi os melhores anos;
Agora daqui só vejo enganos;
Dessas paredes que ultrapasso.
(Aos monumentos e seus fantasmas)
22/10/2021
Autor: Karla D. Martins
Esse poema está inscrito no Concurso RANKING POÉTICO Coletânea de poemas: www.bistrodomatuto.com/2021/10/concursoranking.html
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Poema fabuloso! Nostálgico e sombrio ao mesmo tempo...
ResponderExcluirQue lindo, me fez lembrar a fazenda da minha vó, e dos momentos que vivi lá, que nostalgia me trouxe.
ResponderExcluirFico maravilhada com esta escrita marcada pelas percepções da memória com um toque sombrio. Encantador.
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